A Indústria 4.0 – também conhecida como Quarta Revolução Industrial – faz referência a uma série de ações e tecnologias utilizadas para a troca de dados e automação do ambiente industrial, utilizando os conceitos de Sistemas Ciber-Físicos, Internet das Coisas e Computação em Nuvem. Na prática, a Indústria 4.0 é o desenvolvimento de tecnologias facilitadoras que têm como objetivo prever possíveis ações e torná-las mais simples de serem executadas.
Conceitualmente, a Indústria 4.0 tem como principal marca o avanço significativo na relação entre os humanos e as máquinas. Hoje, ela é o que motiva diversos avanços no sistema produtivo e, de acordo com a BCG (Boston Consulting Group), será a grande responsável por impulsionar a economia, promover o crescimento industrial e modificar o perfil da força de trabalho nos próximos anos.
Quais são as quatro revoluções industriais?
A Primeira Revolução Industrial (1760 – 1840) foi a primeira grande mudança no processo de produção em grande escala, quando a produção artesanal deu espaço ao uso de máquinas e à produção assalariada.
A Segunda Revolução Industrial (1850 – 1945) envolveu o desenvolvimento das indústrias química, elétrica, de petróleo e aço, além do progresso dos meios de transporte e da comunicação.
A Terceira Revolução Industrial (1950 – 2010) foi marcada pela substituição do analógico pelo digital, além da chegada de microcomputadores e da criação da internet.
A Quarta Revolução Industrial teve início em 2011 e acontece até os dias atuais. Sua principal marca é a utilização de tecnologias já disponíveis para gerar conhecimento e produtividade.
Quais as características e pilares da Indústria 4.0?
Dentre as características da Indústria 4.0 estão: a flexibilização da linha de produção, a descentralização do trabalho, a alta velocidade no recebimento e na análise de dados e a virtualização das informações.
Além disso, a Indústria 4.0 conta ainda com 9 pilares de base em seu desenvolvimento:
- Robôs autônomos – Os robôs são capazes de interagir entre si e são colocados para trabalhar lado a lado com os humanos, adquirindo novas habilidades com o tempo. Esses robôs custam menos e têm mais recursos do que aqueles utilizados atualmente nas linhas de produção.
- Internet das coisas Industrial (IIoT) – Cada vez mais dispositivos e produtos inacabados terão componentes capazes de processar dados e comunicar-se direta ou indiretamente com a nuvem. Isso permitirá que tais dispositivos se comuniquem e interajam entre si conforme necessário. Como resultado, essa comunicação descentralizará a análise e a tomada de decisões, permitindo ajustes em tempo real.
- Simulação – Simulações serão utilizadas amplamente nas operações da planta, aproveitando dados em tempo real para espelhar o mundo físico em um modelo virtual, que pode incluir máquinas, produtos e humanos. Isso permitirá que operadores testem e otimizem as configurações das máquinas no mundo virtual antes alterar a produção no mundo físico, reduzindo assim os tempos de configuração das máquinas, aumentando a produtividade e garantindo a qualidade final.
- Realidade aumentada – Ambientes de realidade aumentada e realidade virtual permitem a criação de programas de treinamento de times e suporte remoto para manutenção de equipamentos. No futuro, esses sistemas irão melhorar a tomada de decisão e otimizar procedimentos e deslocamentos do dia a dia da produção.
- Cybersecurity (ou segurança cibernética) – O aumento de conectividade e da quantidade de protocolos utilizados no ambiente da Indústria 4.0 exige ações de proteção contra ataques cibernéticos a sistemas industriais críticos e linhas de produção. Como resultado, será necessário estabelecer comunicações seguras e confiáveis através do gerenciamento de identidade e do acesso de pessoas e dispositivos.
- Integração de sistemas – Empresas, departamentos, funções e recursos se tornarão muito mais coesos graças à evolução do fluxo de dados entre empresas, que possibilitará cadeias de valor verdadeiramente automatizadas na Indústria 4.0.
- Computação em nuvem – O processamento e a análise de dados de produção exigirão que dados entre plantas, fornecedores e clientes sejam compartilhados de forma eficaz. Ao mesmo tempo, o desempenho das tecnologias em nuvem melhorará e a conectividade garantirá que os recursos compartilhados estejam acessíveis em poucos milissegundos. Como resultado, não só os dados, mas também as funcionalidades das máquinas serão implementadas em plataformas em nuvem, aumentando a qualidade da produção com serviços e decisões orientadas por dados.
- Manufatura aditiva – Muitas empresas começaram a expandir processos de manufatura aditiva antes utilizados apenas para prototipar produtos e produzir componentes individuais. Na Indústria 4.0, métodos como a impressão 3D serão amplamente utilizados para produzir pequenos lotes de produtos customizados, garantindo o padrão de qualidade e sem comprometer os custos de projetos complexos.
- Big Data e Data Analytics – No contexto da Indústria 4.0, a coleta, o processamento e a análise de dados de diversas fontes se tornarão padrão para apoiar a tomada de decisões em tempo real. As fontes de dados podem ser as mais variadas possíveis, por exemplo, desde equipamentos em linhas de produção, até sistemas de gerenciamento de fornecedores e clientes.
Qual será o impacto econômico da Indústria 4.0?
Tecnologias como a Internet das Coisas, robótica avançada, Inteligência Artificial e manufatura aditiva já estão ajudando a gerar aumentos da produtividade das linhas de produção. Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2025, quase um quarto (24,3%) do PIB global virá de tecnologias digitais como Inteligência Artificial e a computação em nuvem, gerando até 3,7 trilhões de dólares na economia global. Segundo a Accenture, esse valor pode chegar a US$ 14,2 trilhões até 2030.
Para alcançar o impacto econômico e social de base ampla desejado e maximizar os benefícios de produtividade, a tecnologia deve ser adotada em escala e difundida em todo o ecossistema industrial. Com o potencial de enormes benefícios econômicos, muitos países ao redor do mundo estão oferecendo financiamentos e incentivos para ajudar a estimular a adoção das tecnologias da Indústria 4.0.
A Indústria 4.0 já está presente no mercado brasileiro?
No Brasil, a Indústria 4.0 ainda se encontra em uma fase inicial, com pouca abordagem e estudos sobre o assunto. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fiesp, cerca de 30% dos entrevistados nunca haviam ouvido falar sobre a quarta revolução industrial. No entanto, o estudo mostra ainda que o conceito passa por um crescimento e é visto como uma boa oportunidade de desenvolvimento para parte dos gestores. Um dos casos que tem ganhado destaque e se tornado referência de Indústria 4.0 no Brasil, é uma startup que visa a criação de roupas sob medida por meio de um escaneamento do corpo de seus clientes. O Alfaiate Digital visa transformar o setor da moda, tornando a compra de vestuário em um processo mais acessível e simplificado.